O mais barato sai mais caro. O talento genuino está logo alí.

O texto reflete sobre o impacto da autovalorização no mercado de trabalho, a partir de um caso em que um candidato qualificado se desvalorizou ao fazer uma pedida salarial muito baixa, gerando desconfiança dos recrutadores. O autor questiona se as empresas realmente dão oportunidades para os profissionais certos e como um único traço de comportamento pode afetar a percepção sobre um candidato. Ele defende uma avaliação mais ampla e justa, que leve em conta não apenas qualificações formais, mas também cultura, interesses e potencial de aprendizado. O texto termina com um apelo por processos seletivos mais humanos e equilibrados.

Danilo Braga

3/10/20252 min read

Hoje ouvi algo que me fez refletir profundamente sobre o valor que atribuímos a nós mesmos e o impacto disso no mundo profissional. Uma diretora me contou sobre uma entrevista de emprego que presenciou recentemente. O candidato parecia muito qualificado e experiente, mas acabou se desvalorizando ao fazer uma pedida salarial muito abaixo do esperado. Isso levantou dúvidas entre ela e o RH presente: como alguém aparentemente tão capacitado poderia estar subvalorizado no mercado e, além disso, apresentar uma expectativa salarial tão baixa? Essa postura gerou desconfiança quanto ao seu real potencial, e a percepção sobre suas qualificações foi afetada.

Essa situação me fez pensar: será que as pessoas estão realmente dando oportunidades para os profissionais certos? Será que eu não poderia receber mais oportunidades? E outras pessoas como eu, que têm talento, mas muitas vezes não são plenamente reconhecidas? Fico pensando no quanto o mercado perde talentos por avaliações mal direcionadas ou por critérios que nem sempre representam a realidade prática dos candidatos. Será mesmo que um único traço de comportamento, percebido em uma entrevista, é capaz de refletir a capacidade de alguém? Na minha experiência, acho que não.

Eu sempre busquei avaliar pessoas além do que está no papel ou em uma única interação. Tentava enxergar a cultura do candidato, seus interesses e as habilidades que poderiam ser desenvolvidas dentro da minha área. Afinal, acredito que a vontade de aprender e se adaptar à cultura de uma organização é algo que não se consegue medir tão facilmente. No entanto, confesso que tenho medo de como as avaliações estão sendo feitas hoje e de como podem ser no futuro. Mesmo sendo um homem de 42 anos, que se mantém atualizado e aberto a mudanças, temo que um avaliador enxergue em mim apenas um traço de comportamento ou uma primeira impressão, ignorando minha experiência e meu potencial.

Essas reflexões me fazem agradecer a todos que leem esta crônica, um pequeno desabafo sobre como, às vezes, nos sentimos travestidos em um curto prazo que não representa o nosso todo. Espero que isso inspire quem avalia e quem é avaliado a pensar de forma mais ampla, mais humana e mais justa. Que talentos sejam reconhecidos, que oportunidades sejam distribuídas de forma mais equilibrada e que todos possamos ser valorizados pelo que realmente somos e pelo que podemos construir.